domingo, 22 de fevereiro de 2015

A febre do Wine Bar

Aqui na ilha não havia nada de espaços denominados de «wine bar» até que de repente houve um boom de espaços comerciais deste género a abrir.
Não tenho nada contra mas ao menos que se tenha qualidade de serviço e de produtos.
É a febre, a moda dos vinhos? Oiço falar de gin clubs também . O tempo separará o trigo do joio e apenas alguns irão destacar-se e aguentar. Preços apelativos no vinho a copo, tapas a acompanhar, produtos que mais ninguém tem (principalmente o supermercado!), bons copos, ambiente agradável e acima de tudo um serviço de excelência. Temperatura de serviço do vinho, recomendações do staff quanto aos vinhos e ás harmonizações e uma boa dose de humildade e simpatia nunca deixam ninguém ficar mal. Mistura-se tudo com uma pitada de bom senso e deixa-se marinar. Esta receita não é infalível mas tem boas probabilidades de que lá dentro do forno cresça um bom negócio de vinhos a copo.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Leonardo da Vinci - O pai das regras de etiqueta á mesa

Reza a história que no tempo de Leonardo Da Vinci não haviam estas modernices de sala de jantar e talheres mas Leonardo era um amante da boa comida, do bom vinho e da higiene pessoal.
Quando a fome apertava, os senhores e os seus convidados comiam onde quer que estivessem. Á hora da refeição, os criados traziam uns cavaletes e umas tábuas, que faziam de mesa, e, por cima da mesma, colocavam uma manta grossa que servia para tapar a mesa e para também limparem as suas mãos já que  tudo era comido á mão (blarghhh que limpinhos!). Da Vinci, encarregue pelo seu amo, Ludovico Sforza, de organizar a «mesa», mandou colocar numa das divisões do palácio uma mesa bonita e cadeiras a condizer em seu redor. 

Assim passou a estar a «mesa posta» sempre no mesmo sítio embora hoje em dia ainda usemos a expressão «ir pôr a mesa».
Leonardo ensinou ainda aos comensais a não colocar a mão toda na travessa quando se serviam, apenas a ponta dos dedos. E como era costume cortar-se a carne com as suas próprias facas, Da Vinci introduziu outras, todas iguais e menos perigosas. Como as facas também eram limpas na tal manta que cobria a mesa, achando tudo muito sujo, lá inventou o guardanapo e, com ele, uma máquina rotativa de lavar guardanapos.
Vinhos magníficos vindos de toda a Itália eram servidos por Da Vinci e no final apresentava aos convidados iguarias doces. Para servir as iguarias, ordenava que retirassem a tal manta grossa para que os doces fossem servidos directamente «sobre (a) mesa».
Estes foram os primórdios dos procedimentos á mesa da refeição. Hoje em dia com mais umas tantas regras para que tudo decorra na perfeição.
Á mesa celebramos datas, desabafamos preocupações, desfiamos histórias. Fazemo-lo em família, com amigos ou com a nossa cara metade. Á mesa partilhamos momentos com quem mais gostamos. Os portugueses durante as suas viagens adoptaram muitas coisas que foram observando nas outras terras. Hoje em dia, o vinho faz parte da refeição para celebrar apenas o simples facto de estarmos juntos.
Sobre a forma de dispor a mesa há regras básicas para um serviço perfeito.

*Coloque o prato de sopa por cima do raso, a cerca de dois dedos do rebordo da mesa. 
*O guardanapo fica disposto á esquerda ou á direita dos pratos.
*Os talheres são dispostos ao lado ou acima do prato, sendo a sua ordem de uso de fora para dentro. A lógica é que o talher que está por fora será o primeiro a ser usado.
*Os garfos ficam do lado esquerdo, o de peixe no exterior e o de carne no interior.
*Do lado direito são colocadas as facas e a colher: junto ao prato a de carne, depois a do peixe, por fim a colher de sopa.
*O prato do pão deve ficar acima do lado esquerdo, com uma faca por cima (para a manteiga), com o cabo virado para a direita.
*Acima do prato, para a sobremesa, a ordem deve ser: primeiro a colher com o cabo voltado para a direita, segundo o garfo com o cabo voltado para a esquerda, e por fim a faca com o cabo voltado para a direita.
*Os copos devem estar dispostos acima do lado direito, pela seguinte ordem: copo de água (o maior), copo de vinho tinto, copo de vinho branco (o menor).
*Todos os pratos devem ser retirados na altura da sobremesa.


Ao longo dos anos houve situações em que fiquei atrapalhada por não saber o que fazer. Algumas dessas situações resolvi ao observar os outros, noutras foi apenas o bom senso. Por isso é sempre bom saber:

*Para retirar algo da boca, feche a mão como se fosse uma concha, retire o pedaço de comida com a outra mão e, discretamente, coloque na beira do prato.
*Quando lhe pedirem um talher, segure-o pelo cabo.
*Coloque o guardanapo sempre sobre as pernas, no final da refeição coloca-se sobre a mesa, sem ser dobrado.
*Comece a comer apenas quando todos estiverem em condições de o fazer.
*Antes de beber algo, ou depois de colocar a comida na boca, limpe sempre a boca no guardanapo.
*Não se deve afastar o prato quando se acaba de comer.
*Não apoie os cotovelos sobre a mesa.
*Não use palito de dentes.
*Se houver uma comida de que não goste ou não quer arriscar, não a recuse; sirva-se de uma porção mínima, coma o que puder e deixe o resto no prato, ou seja, disfarce.
*Se deixou cair comida no chão: se for coisa pequena, limpe discretamente com o guardanapo e deixe assim mesmo. Em caso de desastre maior como deixar cair a sopa inteira, peça licença a todos e vá limpar-se na casa-de-banho. E não fuja de vergonha.
*Se cair alguma coisa, como talheres, não se debruce para o apanhar. Peça outro discretamente, pois dessa maneira muitos convidados nem irão perceber.
*As azeitonas comem-se com a mão, devolvendo o caroço à mão em forma de concha. Quando a azeitona fizer parte do prato que foi servido, você devolverá o caroço no garfo, mas em ambos os casos você depositará o caroço no canto do prato.
*Na hora de comer o seu pedacinho de pão à mesa, saiba que não poderá cortá-lo com a faca e sim com a ajuda das mãos.
*O comsommé é servido num recipiente que tem duas alças parecido com uma chávena. A forma correcta de comer o comsommé é com o auxílio da colher de sopa.
*Não se deve comer frango com as mãos, por mais descontraída que seja a ocasião. Se o frango estiver a ser servido à mesa, coma-o com garfo e faca, mas para não deixar outras pessoas constrangidas poderá segurá-lo com as mãos, protegendo-as com um guardanapo de papel.
Como em tudo, haja bom senso. Desfrute da refeição e da companhia pois cada situação é adaptada conforme o nível de formalidade e intimidade entre os convidados.  


 



sábado, 7 de fevereiro de 2015

A arte de bem receber



Receber a  família ou os amigos com requinte, requer uma dose de coração grande e uns truques e dicas para que tudo seja um verdadeiro sucesso.
A informalidade que a amizade permite não deve retirar empenho e dedicação na hora de receber os amigos em sua casa. Se a ocasião foi planeada, prepare um ambiente agradável e preparando coisas que sabe ser do agrado dos convidados e peça para que contribuam com as sobremesas ou entradas. Se for uma visita surpresa (algo aceitável quando há um certo nível de intimidade), convide-os para a sua cozinha e, em conjunto, improvisem algo. Os pratos de massa preparam-se rapidamente e sushi pode ser encomendado se forem apreciadores. Se é para verem um jogo de futebol há que preparar petiscos em quantidade e variados que não impliquem o uso de talheres.Ex: pão com chouriço, pastéis, croquetes, chamuças, patês com tostas, presunto e claro...cerveja.Ou algo com mais classe...vinho. 
As reuniões familiares permitem o encontro de várias gerações. Aproveite para colocar sobre a mesa peças que tenham sido oferecidas pelos convidados ou que tenham uma história engraçada de outros convívios familiares. Nesta ocasião há um prato principal que se destaca no centro da mesa e cada um desempenha a sua função. O pai corta a carne, o tio serve o vinho, a avó aquela sobremesa que nós tanto gostamos e que não pode faltar!São refeições «confort food» que nos fazem recuar no tempo e ficar com um sentimento de nostalgia. Na mesa desfilam as histórias de todos os outros momentos e o tempo, esse vilão, pára.
Quando a família é numerosa são esperadas horas na cozinha. As festa são direccionadas para o familiar com uma casa cujas condições permitem albergar tanta gente reunida no mesmo espaço mas não quer dizer que o anfitrião fique sobrecarregado com tanto trabalho. O bom senso recomenda partilhar tarefas e despesas.
Por vezes a melhor opção é um jantar  volante, onde não é necessário recorrer ao uso de facas.
Como trata-se de pessoas que se conhecem, sabemos quem tem jeito para o quê. Além do fondue de queijo da tia que é de comer e chorar por mais, do bolo de chocolate da prima que desfaz-se na boca, dos vinhos surpresa que o tio traz sempre há sempre oportunidade para apresentar algo novo.
Recomendações básicas:
*Ponha a mesa de véspera com calma. 
*Evite dar um ar de quem anda muito atarefada pois se tiver tudo planeado antecipadamente terá tempo para desfrutar do momento e não terá que permanecer muito tempo na cozinha.
*Receba os convidados com aperitivos mas não exagere nas quantidades pois pode correr o risco de comprometer a refeição principal.
*Desligue o televisor opte por uma música ambiente moderada.
*Deixe lá a loiça para mais tarde quando todos tiverem ido embora! Não há maior «turn off» que começar as limpezas com os convidados em casa.
O importante é desfrutar o momento, a família, a comida e o vinho.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

«Be my Valentine»

Os apaixonados anseiam, uns com alegria outros bem depressivos e desejando ardentemente que o S.Valentim passe despercebido. É a correria ás lojas de flores, ás prateleiras dos chocolates e ás tentativas de reservar uma mesa num restaurante. Eu prefiro algo bem mais prático e simples: uma refeição preparada com carinho pelos dois em casa e a partilha de um bom vinho do ano que começámos a nossa aventura romântica (ainda por cima foi em excelente ano para os vinhos portugueses o que também ajuda na escolha).
Se querem surpreender a vossa cara-metade, ofereçam-lhe um bom vinho tinto (é a cor do amor!vá lá!). Para as senhoras que afirmam só beber vinho branco ou até aquelas que vinho só para molhos, a tarefa é mais...desafiante. Nós não resistimos a coisas doces (falo como convertida em amante do vinho e mulher) por isso tem de escolher um vinho bem frutado, com taninos suaves e aromático ( é o gosto por perfumes que virá ao de cima). Um vinho tinto do Douro ou um Alentejo são mais fáceis de acertar. Touriga Nacional é fácil de gostar, ou um vinho com Aragonês. Frutos vermelhos compotados e taninos sedosos é o que procura. Se não quer arriscar num tinto, escolha um branco. Os vinhos verdes são surpreendentes e fáceis de gostar. Escolha um Alvarinho, não ficará mal. O Arinto de Lisboa e Tejo é fresco e aromático, do Alentejo é mais guloso. Da Península de Setúbal pode escolher um branco com Fernão Pires e Moscatel.
Se quer surpreender, ofereça um Vinho Madeira doce, um Porto LBV, um Moscatel Roxo de Setúbal ou uma Colheita Tardia. Tudo coisas doces e irresistíveis.
Mas se lhe apetece ser mais atrevido e ir buscar um vinho estrangeiro, aconselho fazê-lo nas garrafeiras especializadas e não no supermercado. Um Pinot Grigio ou Pinot Gris e Sauvignon Blanc do Novo Mundo são a minha sugestão para os vinhos brancos. Vinhos aromáticos e «straight to the point» para quem quer começar a gostar destas coisas. Nos tintos escolha Cabernet Sauvignon de um clima quente pois terá aromas mais compotados e apelativos.
Sugiro um bom espumante português e se a carteira der para mais um pouco vá lá, compre um Champagne.
Neste dia o importante é a partilha, o carinho e o dizer simplesmente: Eu amo-te!
Tenha atenção á comida também, siga o seu instinto. Ingredientes vermelhos apelam a tintos, ingredientes verdes e amarelos aos brancos. Coisas picantes pedem vinhos pouco alcoólicos e frutados ou florais. Coisas doces precisam de vinhos tão ou mais doces. Comida pesada necessita de vinhos com estrutura para harmonizar e comida leve, vinhos frescos e novos.
Para as senhoras que querem surpreender a sua cara metade ofereçam qualquer vinho que ele ande a «namorar». Os homens são bem mais fáceis de agradar não é verdade?

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Uma farmácia antiga transformada


No centro da bela vila da Ponta do Sol há uns tesouros escondidos. 

Por vezes, nós ilhéus sentimos o peso da rotina e da pouca oferta e queremos algo novo.
Noto um retorno ao passado que nos aconchega. 
Aquele bolo da avó, os bancos da casa antiga, a música da rádio.
Se não sabe onde ir e está farto de ir aos mesmos lugares, vá um pouco mais longe até á Ponta do Sol.

Na ruela atrás do Hotel da Vila está a The Old Pharmacy.
Encontrará uns "medicamentos" para a alma.
Recomendo as tostas, um bom copo de vinho ou até um chá com um delicioso brownie a acompanhar.
Ainda pode adquirir produtos artesanais tradicionais em cortiça, chocolates, e broas...uma perdição que vale a pena a viagem!